Entrevista: a evolução dos games

Entrevista concedida a Suzana Sakai para a Revista Zashi em novembro de 2008. Serviu para a matéria A evolução dos games, que pode ser lida aqui.

1) Em que década surgiram os primeiros consoles e como eram os jogos desenvolvidos para eles?
Os consoles comercias, como conhecemos hoje, surgiram no final dos anos 60 / começo dos 70 e atingiram seu apogeu em 1977, com o lançamento do primeiro Atari VCS, que se popularizou como Atari 2600.

Até 1983 este modelo tinha vendido mais de 8 milhões de unidades. No começo da história, o desenvolvimente de games era feito, na maioria das vezes por uma única pessoa. Era um verdadeiro time de um homem só.Com o avanço tecnológico, a capacidade de processamento dos máquinas e os investimentos na indústria, as equipes de desenvolvimento foram aumentando e hoje, não é raro que equipes de desenvolvimento de jogos sejam tão grandes quanto equipes de produção de um filme de Hollywood.

2) Quais são as principais diferenças entre os jogos produzidos por empresas desenvolvedoras ocidentais e aqueles produzidos por empresas desenvolvedoras orientais?
Hoje em dia não vejo uma grande diferença entre ocidentais e orientais no quesito desenvolvimento de games, pois as tendências se espalham muito rápido. No passado, jogos japoneses valorizavam primeiro a história e depois a ação. Isso virou uma tendência na indústria depois de algum tempo.

Em um outro momento, os jogos online, como os MMORPG domiram o oriente e depois o ocidente. O que dá para perceber é que, em muitas ocasiões, o ocidente cria a tendência mundial no mundo dos games.

3) O videogame surgiu com o Atari, nos Estados Unidos. No entanto, com o passar do tempo, o Japão tornou-se o principal desenvolvedor de consoles e games. Na sua opinião, que fatores favoreceram o desenvolvimento de jogos no Japão?
O fator supresa na indústria de games foi o surgimento da Nintendo. A centenária empresa já trabalhava com jogos (comercializa baralhos e outros jogos analógicos) e em um determinado momento de sua história, resolveu que era hora de migrar para este novo mundo que estava surgindo, ou seja, os dos jogos digitais. Nos anos 80, após o grande boom da Atari, o mercado Americano dava como certa a morte do videogame em função de sucessivos fracassos da empresa (entenda-se aqui jogos muito ruins).

Quando a Nintendo aportou na America, com seu console que ninguém conhecia e com bons jogos, como Mario e Zelda, a indústria do videogame renasceu. A indústria de desenvolvimento de jogos no Japão nasceu nivelada por cima, ou seja, vendo as criações de Shigeru Miyamoto (Mario e Zelda) fazendo sucesso por todo o mundo.

Quando outras empresas começaram a entrar no negócio de games, o natural era tentarem superar as criações da Nintendo e assim, criou-se uma onde de desenvolvimento de alto nível no Japão.

4) Você acredita que, nos próximos anos, o Japão possa perder esse posto de principal desenvolvedor de games? Por quê?
Em função da atual crise mundial, não dá para prever isso, contudo, alguns fatos podem ser analisados. A Electronic Arts anunciou que diminuirá sua força de trabalho nos próximos meses. Por outro lado, a indústria de games já fatura mais que a de cinema há tempos e no Reino Unido, já é a principal indústria de entretenimendo do país.

O Japão é uma grande potência na área de desenvolvimento de games e vejo que este posto durará por muito tempo.

5) Como desenvolvedor, qual é o primeiro aspecto que você analisa na hora de desenvolver um game?
Antes de começar a desenvolver um game, o principal a ser analisado é o publico para qual ele se destina e qual plataforma irá rodar. No Brasil, é muito comum desenvolver games para publicidade, em Adobe Flash, para rodar direto da Internet.

Nestes casos, ter conhecimento do público alvo é fundamental. Em qualquer situação, é o público-alvo que determina todos os aspectos do game.

6) Na sua opinião, quais foram jogos marcaram a história dos games e por quê?
Pitffal foi um grande marco. Desenvolvido para Atari 2600 por um único desenvolvedor, o lendário David Crane, marcou época e seu estilo é copiado até hoje. Os sucessos construídos por Crane deram origem a Activision. Mario e Zelda são marcos por mudar o paradigma de jogo e colocando o história como ponto central da trama (obra do grande Shigeru Miyamoto).

A série Final Fantasy marcou época no passado e continua até hoje. Eu não poderia deixar de fora a séria Halo da Microsoft, que combina muita ação, ficção científica e uma trama bem costurada.

Sob Controle: documentário interativo

No final de 2009 fui entrevistado para projeto Sob Controle, um documentário no qual o espectador tem a liberdade de escolher o que vai assistir.

De uma forma fácil e divertida, é possível navergar pelo conteúdo sem precisar esperar a todos entrevistados responderem para chegar até a informação que você precisa. Abaixo está o documentário completo e logo em seguida, as minhas respostas à entrevista.



































Entrevista para o blog da Taxi Labs

Há alguns meses (não muitos) eu concedi uma breve entrevista por e-mail para o blog da Taxi Labs. Hoje voltei lá para pegar o link e o conteúdo sumiu. O pessoal deve ter atualizado o site, instalado um WordPress novo e mataram o conteúdo antigo. Tudo bem, reproduzo aqui o que disse lá.

O título que deram ao post era assim:
Dolemes, pioneiro em blog de games no Brasil

As perguntas, que foram feitas na ocasião por Pedro Araújo, seguem relacionadas abaixo jutamente com as minhas respostas.

1 – Como foi a criação do GameReporter? O que te levou a criar um blog sobre o assunto e sustentá-lo durante anos? Conte-nos detalhes de suas criações na internet.
O GameReporter nasceu quando eu era o editor do AOL Games, o portal de games da AOL no Brasil. Eu trabalhei com games na AOL de 1999 até 2006. Com o fechamento da empresa no Brasil, o nascimento do GameReporter foi quase que natural, tendo em vista que eu não queria parar o trabalho que vinha fazendo. Eu criei o blog e continuo mantendo-o até hoje pois gosto muito e estudo academicamente o assunto, ou seja, games.

2 – Como você relaciona games com jornalismo? Como surgiu teu gosto pela área?
Games é mais uma área do jornalismo, assim como o jornalismo esportivo, econômico, cultural… e o jornalismo está diretamente relacionado com games quando o assunto é notícias sobre o meio, análises e críticas. O crítico de games será comparado ao crítico de cinema no futuro.

3 – O que você acha da atual indústria de videogames brasileira? O que foi conquistado nos últimos meses e anos? O que nos falta?
A indústria brasileira de games está em pleno desenvolvimento. Existe ainda muitas conquistas para quem se aventura a trabalhar com games no Brasil, mas existem também muitos casos de sucesso, como a TechFront, Aquiris, TecToy Digital… o lado bom de tudo isso é que as grandes empresas já começaram a colocar o pé no Brasil, como é o caso da Ubisoft. Creio que nos falta ainda um amadurecimento do mercado… mas estamos caminhando bem. Hoje já existem diversos cursos de graduação em games e tenho plena certeza que é na universidade que nascerão muitas coisas boas.

4 – Pra encerrar: além de blogueiro, jornalista e gamer, você também é ilustrador. Qual é a arte conceitual que você mais gosta nos games?

Eu gosto de design e arte como um todo. Também sou professor universitário e leciono no curso de Jogos Digitais da PUC-SP. Eu sou muito fã o concept art game God of War. É verdadeiramente uma obra de arte.

Ensino superior de games

No dia 28 de novembro estive no Sesc Itaquera, no evento Feras do Game Design. Na ocasião falei sobre o ensino superior de games no Brasil, apresentando as principais universidades brasileiras que oferecerem este tipo de curso (sobretudo as de São Paulo, onde aconteceu o evento) e as características que eu conhecia.

Aproveitei para mostrar alguns trabalhos dos alunos do curso de Jogos Digitais da PUC-SP e da FMU. O convite veio do Kao, do Núcleo de Multilinguages do Sesc Itaquera.

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