Como escolher os recursos digitais para educação

Tecnologia, é a palavra do nosso século. Ela permeia quase tudo que fazemos, e em muitas situações já não conseguimos nos ver sem ela e na educação ela tem se tornada um braço importante. O processo de aprendizagem ganhou outros rumos graças a tecnologia e os recursos digitais para educação, mas como escolher as melhores ferramentas para trabalhar em sala de aula? Hoje nosso bate-papo será sobre isso.

Mas antes de percorrer o caminho do como escolher estes recursos, vale a pena entender que existe uma infinidade deles. Mas para saber selecionar os que mais se encaixam para ajudar os estudantes, é preciso conhecer os tipos de recursos digitais. Eles facilitam o processo de aprendizagem e melhoram a experiência do aluno e professor.

7 tipos de ferramentas mais comuns entre os recursos digitais

Plataformas – As plataformas são ambientes online de ensino. Nelas existem a troca de informações e é possível acompanhar o desenvolvimento pedagógico por aluno. Permite armazenar e publicar conteúdos, é possível usá-la também como suporte ao ensino presencial. Alguns exemplos de plataformas virtuais de ensino Blackboard, Dokeos, Moodle, Coursera, Veduca, DreamBox, Geekie.

Objetos digitais de aprendizagem – Recursos que apoiam o professor dentro e fora da sala de aula, alguns exemplos são jogos, animações, videoaulas, simuladores. São grandes aliados e facilitadores no processo de aprendizagem, pois além de trabalhar conteúdos e auxiliar no desenvolvimento de competências e habilidades, permite planejar atividades mais dinâmicas e criativas atraindo mais o interesse dos alunos. Exemplos de objetos digitais de aprendizagem, Árvore digital, Seleção Natural, Sundae Times.

Ferramentas de gestão –  O intuito das ferramentas de gestão é auxiliar o professor a organizar dentro e fora da sala de aula. Elas também valem para gestores automatizarem procedimentos, otimizar processos, e gastar menos tempo. Alguns apoiam as escolas no sistema financeiro, no monitoramento do desempenho de alunos e outros. Exemplo: Prova Fácil, Google Classroom, WPensar.

Ambientes Virtuais – São recursos digitais para educação imersiva. Eles proporcionam o aumento do envolvimento dos alunos, criam novas formas de interação com o conteúdo apresentado. Os dispositivos que compõem os ambientes virtuais têm um pouco do mundo real e um pouco do virtual, por meio deles é possível viajar em museus conhecidos no mundo todo, por exemplo, Capela Sistina, conhecer o Museu Americano de História Natural, além de laboratórios e outros espaços necessários ao conhecimento.    

Ferramentas de trabalho – Se antigamente o professor era a pessoa conhecida por pilhas de provas, livros, a tecnologia também ajudou na implementação das ferramentas de trabalho. Para o professor os recursos digitais para educação facilitam e agilizam tarefas do cotidiano, como organização de arquivos, editor de texto, fotos, vídeo, áudio. Além disso, as ferramentas permitem criação de formulários, planilhas e apresentações. Alguns já conhecidos de todos são o Google Drive, para armazenamento, Prezi para apresentações, Survey Monkeys ajuda nos formulários e para infográficos o Infogram.

Ferramentas de experimentação – Ótimas aliadas para trabalhar as metodologias ativas de ensino, pois elas permitem o protagonismo dos alunos, uma vez que eles precisam desenvolver produtos e projetos. Eles podem desenvolver podcasts, livros digitais, vídeos, e outros. Alguns exemplos para usar em sala de aula Kits Lego, Makey Makey,  App Inventor.

Ferramentas de comunicação – Permite a criação de comunidades virtuais de aprendizagem, onde acontecem trocas entre professores e alunos, engajando também familiares, é um bom caminho para aproximar os pais da escola. Soluções para ferramentas de comunicação Remind, Edmodo e as já conhecidas mídias sociais Instagram, Facebook e Whatsapp.

Agora estabelecido quais são os tipos de recursos digitais para educação existentes no mercado, é hora de estabelecer como escolher cada um deles, para cada momento.

Você provavelmente já ouviu falar de Geroge Lucas, o diretor da franquia Star Wars, certo? Pois bem, após vender a Lucasfilm para Disney ele destinou 4 bilhões de dólares que recebeu aos seus projetos educacionais. A educação é uma causa apoiada pelo diretor há mais de 20 anos, quando fundou a George Lucas Educational Foudation (GLEF), que dá suporte a educadores no processo de ensino por meio da Edutopia.

E você deve estar se perguntando porque estou falando do famoso diretor de cinema para abordar sobre esse assunto, porque esse mesmo diretor deu 6 dicas valiosas para escolher os melhores recursos digitais para educação e com certeza elas vão de dar um norte de como tomar essa decisão. Vamos a elas. 

1. Pense em categorias – Ela garante o equilíbrio entre vídeo, áudio, texto e outras formas. Pense em como compartilhar e o quão acessível elas serão aos seus alunos.

2. Escolha conteúdo com base nos objetivos de ensino – Os conteúdos devem estar relacionados em qual ponto você deseja chegar, pergunte-se o que quer dos alunos com o conteúdo e se eles serão capazes de fazer, quais aspectos os alunos precisarão de suporte, e como escolher recursos que atendam diferentes necessidades.

3. Opte por conteúdo relevante e original – Parece autoexplicativo e bastante óbvio, mas é preciso fazer essa reflexão sempre ao escolher os recursos digitais para educação, pois eles precisam estar conectados aos alunos. Além disso, eles precisam também reconhecer essas ferramentas para vivenciar melhor o objetivo do processo de aprendizagem.

4. Conecte-se aos alunos além das tarefas – Além da execução de uma tarefa, os recursos podem ajudar a estender o conhecimento trabalhado mais do que o tradicional, é possível pensar nas conexões interdisciplinares, a até mesmo quais outros conteúdos os alunos podem explorar após o término da atividade. Observe pelo que se interessaram mais e sugira mais conteúdos e formas de se aprofundarem sobre o tema com qual ele teve identificação.

5. Saiba como organizar e distribuir o conteúdo – Após selecionar os recursos digitais que irá usar em sala de aula, tenha um plano para organizar e distribuir esse conteúdo. Assim tudo ficará mais claro para você professor e para os alunos.

6. Busque colegas e os próprios alunos para fazer a seleção de conteúdo – É importante envolver todos do processo de aprendizagem na escolha dos recursos digitais, não precisa ser algo individual. Você pode encontrar apoio entre seus colegas professores e até mesmo com os alunos para encontrar a melhor via a ser trabalhada.

O mundo de possibilidades dos recursos digitais para educação está aí para ser explorado da melhor maneira possível. Encontrar qual a melhor forma de trabalhar com eles é um caminho a ser encontrado coletivamente como foi dito, entre aqueles que fazem parte do processo de aprendizagem a ideia é fortalecer a tecnologia como aliada em sala de aula e que ela expanda as possibilidades de desenvolvimento dos alunos. Sem dúvidas usufruir dos inúmeros benefícios que essas alternativas trazem é consequência natural da implementação dos recursos.

Importância e benefícios da leitura para educação desde os primeiros anos de vida

Com tantos dispositivos eletrônicos, um mundo onde cada vez mais fazemos coisas ao mesmo tempo, dedicar parte dele a leitura tem sido um desafio. Acontece que o hábito da leitura precisa continuar existindo e mais, ser estimulado desde cedo para o melhor desenvolvimento do ser humano.

Sem dúvidas o advento das tecnologias é importante para o universo da educação, mas isso não significa deixar de lado pilares essenciais como a leitura. Ler, interpretar, associar questões, tudo isso mostra um caminho de compreensão do mundo e como precisamos agir nele, por isso a leitura para educação é essencial. Vamos conversar hoje sobre como o universo da leitura impacta no processo de aprendizagem desde os primeiros anos de vida de uma pessoa.

Para a neurocientista e autora do livro “O cérebro no mundo digital- os desafios da leitura na nossa era” Maryanne Wolf, a leitura é base da formação socioemocional do ser humano. Segundo ela tudo que trazemos da primeira infância se conecta aos novos aspectos da linguagem, e incentivar a leitura ajuda a expandir conceitos de pensamento crítico, empatia, reflexão, competências essenciais do nosso século.

Ainda de acordo com a neurocientista, o processo de leitura não é algo aprendido naturalmente pelas crianças, mas do zero aos cinco anos, antes de se tornar um cérebro leitor, ele já está em desenvolvimento, e por isso todas as histórias que contamos, os livros que mostramos, fomentam esta evolução. A medida em que o hábito de leitura é apresentado aos pequenos, antes mesmo deles poderem ler, eles já conseguem absorver melhor a linguagem.

A leitura é capaz de aumentar os circuitos neurais, uma vez que ela conecta visão, linguagem, conhecimento e traz novas descobertas, e a cada nova descoberta, consequentemente, novos circuitos vão surgindo no cérebro.

Outro autor e neurobiólogo que defende a neuroeducação (abordagem educativa baseada no funcionamento do cérebro) Francisco Mora, explica que para ler precisamos inibir “99% do que normalmente pensamos ou que entra no nosso cérebro e prestarmos atenção em apenas 1% disso”. Sem contar que a leitura exige também nosso tempo.

E é aí que nos deparamos com um grande desafio da leitura para educação do nosso século. Afinal a era digital mudou nosso jeito de encarar o tempo, tudo é mais rápido, inclusive a forma que encaramos a leitura. Quando usamos a internet, por exemplo, o nosso foco de atenção precisa de um tempo mais curto e segue em constante mudança, diferentemente da leitura de um livro.

Isso não quer dizer que a tecnologia deva ser demonizada, conversamos constantemente por aqui como a implementação dela trouxe inúmeros benefícios, mas a exposição aos meios eletrônicos, e o tempo dedicado a esta exposição, deve ser levado em consideração de acordo com a idade da criança.

Já para a fase mais jovem do ser humano, com amadurecimento do leitor, a leitura para educação precisa focar nos diferentes estilos que irão atrair e incentivar o olhar crítico e interdisciplinar, seguindo este caminho será mais fácil despertar o interesse dos alunos.

O desafio do educador está em encontrar um meio entre as leituras clássicas e contemporâneas. O ensino deve ir além das chamadas leituras obrigatórias, ou uni-las aos livros com temáticas de interesse dos jovens para trabalhar diferentes áreas, isso ajudará a desenvolver as habilidades necessárias atreladas ao que eles gostam. Ninguém aprende ou quer fazer algo que não gosta.

As dez competências da BNCC englobam muito da habilidade leitora por parte do aluno, afinal o estudante precisa ampliar as competências a serem desenvolvidas, e com certeza ele precisará da leitura para percorrer o processo de aprendizagem.

Leitura para educação em projetos interdisciplinares

Se engana aquele que acredita que a leitura para educação trabalha somente a área de linguagens. A leitura é universal e pode ser associada as diferentes áreas do conhecimento trabalhadas em sala de aula. Ela deve ser ferramenta estratégica e ajudar na compreensão do conteúdo passado.

Sendo assim, tornar a leitura mais ampla, possibilita ensinar por meio dela. A leitura permite a compreensão do mundo. Com isso é possível trabalhara história, geografia, matemática e biologia, e porque não dizer todas as áreas do conhecimento.

É possível também seguir pela via de projetos interdisciplinares, isto é, uma mesma leitura, pode trabalhar ao mesmo tempo língua portuguesa e história, por exemplo. Além do livro em si, é possível usar de diferentes tipos de leitura para atingir o objetivo de ensino, artigos, revistas, jornais, quadrinhos, tudo como elemento para educação.

A medida em que o professor leva para sala de aula diferentes textos que encontram na sociedade, aproxima a leitura da realidade do aluno e faz com que o desejo de ler seja relacionado ao seu dia a dia, tornado assim maior interesse do aluno no hábito.

Outro caminho que os docentes podem usar, é a ideia de complementação de conteúdos para trabalhar a leitura para educação. Muitas áreas conversam entre si, e traçar esse paralelo faz a aprendizagem algo mais dinâmico e atrativo.

Além disso, é essencial que a proposta pedagógica seja muito clara, os professores precisam saber onde querem chegar com o estímulo de determinada leitura. Ao trabalhar conteúdos de leitura de maneira combinadas e relacionadas as possibilidades a serem exploradas aumentam e permitem que a leitura siga sendo principal parceira do conhecimento e compreensão dos alunos. Deixe sua opinião nos comentários, qual você acredita ser o espaço da leitura para educação em nossa realidade atual?

Conheça a Challenge Based Learning uma abordagem inovadora na educação

A forma de ensino tradicional está cada vez mais em dissonância com o que vivemos. O grande desafio da educação tem sido trazer para sala de aula toda evolução e inovação presente no mundo fora dela. A implementação da tecnologia é um dos pontos que sempre vemos por aqui, mas além disso, a questão é fazer com que o aluno consiga se desenvolver à medida que desenvolve soluções para questões complexas do seu cotidiano. As metodologias ativas de ensino propõem justamente isso.  

Já vimos por aqui diversas ferramentas e metodologias de ensino que vão por este caminho, como project based learning, método jigsaw e até mesmo ferramentas do mundo corporativo que ganharam espaço nas salas de aula, é o caso do design thinking, por exemplo. E hoje vamos conhecer mais uma alternativa promissora para educação: o Challenge Based Learning (CBL) ou em português aprendizagem baseada em desafios

Para entender o seu surgimento, vamos voltar um pouquinho na história. Entre 1985 e 1995 surgiu o projeto Apple Classrooms of Tomorrow, que tinha o objetivo de integrar a tecnologia ao processo de ensino, inclusive na época a Apple deu suporte tecnológico para as escolas da Califórnia, estudou benefícios do mundo digital para o desenvolvimento dos alunos e ainda conduziu experimentos na área de gamificação. 

Este projeto evoluiu e por volta dos anos 2000, surgiu o ACOT2 que queria entender as necessidades do ensino médio nos Estados Unidos. Além disso, o projeto também tinha o objetivo de auxiliar as escolas a criarem um ambiente de aprendizagem ideal, atendendo o que os estudantes precisavam e esperavam, e com isso consequentemente diminuir a evasão escolar. 

O Challenge Based Learning (CBL) é parte deste projeto colaborativo com foco no aprendizado do século 21.  A empresa Apple enxergou no ensino o caminho necessário para preparar pessoas para viver em uma sociedade com mudanças constantes, e por isso preocupou-se no desenvolvimento de metodologias pedagógicas para serem replicadas nas escolas. 

A abordagem do CBL é interdisciplinar e estimula os alunos a desenvolverem soluções para problemas reais com apoio de tecnologias. Assim como outras metodologias, para implementação da aprendizagem baseada em desafios é preciso seguir fases interconectadas. Abaixo vamos explorar mais cada uma delas. 

Fases do Challenge Based Learning 

Para colocar em prática o CBL, primeiro surge uma grande ideia, que posteriormente irá de desenvolver para uma questão essencial, um desafio, questões norteadoras, atividades, recursos, tudo isso conectado para chegar a uma solução e depois a implementação desta e avaliação dos resultados. Claro que todo esse processo acontece por partes e aqui vão três fases que não podem faltar:

Fase 1 – Engajar 

Nesta fase é o momento de conduzir o processo de perguntas essenciais, onde os alunos irão transformar uma grande ideia abstrata em um desafio real. O conceito de grandes ideias são de que, os temas que serão explorados precisam poder percorrer diferentes formas e serem relevantes aos alunos e a comunidade onde eles vivem, por exemplo, a questão da saúde, alimentação, meio ambiente. 

Aqui é o momento do processo de aprendizagem onde o aluno irá além de questionar sobre um determinado tema, contextualizar e personalizar a ideia. Ao final chegará em uma questão considerada essencial e relevante. Relevância esta para o aluno como indivíduo e para o grupo. Este percurso irá levar o estudante para a ação, uma vez que os participantes do desafio precisarão desenvolver uma solução, que devem ser imediatas e possíveis de realizar. 

Fase 2 – Investigar 

Decidido a questão essencial, os alunos irão planejar e participar de uma jornada que irá construir fundamentos para as soluções na fase dois. Essas soluções vão preencher os requisitos acadêmicos necessários. 

De que forma? Priorizando e criando categorias para que as questões continuem a ser uma experiência de imersão. É preciso criar questões guias, que darão a direção ao conhecimento que será necessário buscar para desenvolver a solução do desafio. 

Fase 3 – Agir 

Como o nome da fase diz, é hora de colocar a mão na massa na aprendizagem baseada em desafios. Na fase anterior surgiram as soluções, nesta etapa o aluno pode prototipar, testar, lapidar a solução e aí sim implementá-la. 

Para implementar a solução é preciso levar em conta a idade dos alunos, a quantidade de tempo e recurso, isso vai nortear o como o desafio será implementado. 

Após feita a implementação, ainda há uma última parte do CBL após o agir, que é a avaliação. Nela os alunos terão a oportunidade de entender o quanto a solução deles foi efetiva, fazer os ajustes necessários, debater sobre o tema e sair com ainda mais conhecimento sobre a questão trabalhada. 

Lembrando que um dos pilares do Challenge Based Learning é trazer o desafio relacionado a realidade do aluno, e que ele sinta durante o aprendizado, que a solução da questão levantada impacte na sua vida. 

Algumas sugestões de temas relevantes são a água, daí podem surgir questões como a consumimos, o desafio, por exemplo, melhorar o a forma do consumo da água na comunidade ou em casa. Comida é outro caminho bastante abrangente, onde podemos entender o que comemos, como isso impacta o mundo, e o desafio talvez implementar maneiras de se alimentar melhor, energia, ar, sustentabilidade, a lista é longa e possibilita um aprendizado bastante abrangente.  

Uma vez que o tema é definido e as questões que serão trabalhadas também, é possível aprofundar o conhecimento em diversas áreas, como biologia, história, matemática, e tantas outras. Correlacioná-las faz parte da metodologia CBL. Não se esqueça também de sempre que possível atrela a tecnologia como aliada durante o processo, afinal além de ajudar no aprendizado, ela faz parte de nossas vidas e não pode ficar de fora.  

Caso você queira se aprofundar ainda mais no Challenge Based Learning você pode conferir o o CBL Guide, vale a leitura!

Aprendizagem criativa: ruptura da forma de ensino tradicional

Há alguns textos tenho debatido por aqui a necessidade de mudança do ensino tradicional para se alcançar resultados mais maduros com a educação. A ideia não é somente trazer para sala de aula elementos de tecnologia, mas que eles sejam ferramentas de apoio para uma nova forma de ensino.

É preciso entender que isso não é assunto do futuro, mas do agora. A educação precisa integrar cada dia mais tecnologia, arte, criatividade e preparar as pessoas para serem solucionadores de questões importantes.

Colocar o aluno como protagonista do ensino é uma mudança que gera ótimos resultados e que facilita a compreensão do ensino e o desenvolvimento de competências e habilidades. Já apresentei aqui de diferentes metodologias ativas de ensino e hoje vamos conhecer a aprendizagem criativa, mais uma das iniciativas para construção do caminho de uma nova forma de educação.

O conceito de aprendizagem criativa foi proposto pelo professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Masssachusetts), Mitchel Resnick ele tem como base o construcionismo que foi proposto pelo também educador Seymour Papert, que bebeu da fonte de grandes nomes da educação como Paulo Freire, Piaget, Maria Montessori, entre outros.

A ideia da aprendizagem criativa é defender a aprendizagem como resultado de um processo de exploração. Na verdade, o grupo de pesquisa dirigido por Mitchel Resnick inspirou-se na trajetória de Froebel, criador do jardim de infância para embasar seus argumentos.

Segundo o pedagogo Friedrich Froebel a fase do jardim de infância é definitiva quando pensamos na formação dos seres humanos, e por isso, merece atenção especial. E quando comparamos o jardim de infância com o restante da trajetória escolar, observamos muitas diferenças.

A maioria dos sistemas de ensino hoje vigentes segue o modelo de transmissão de ensino. Já no jardim de infância toda a forma de aprendizado é trabalhado por meio de uma exploração da conduta ativa da criança. No jardim de infância ela interage para se conectar com o mundo, através de propostas divertidas, dinâmicas e envolventes.

O grupo de pesquisa de Mitchel Resnick defende que essa forma de aprendizagem não deve ser abandonada, pelo contrário, o estilo do jardim de infância tem que continuar na trajetória de ensino, independentemente da fase escolar. É o que é preciso para que pessoas de diferentes idades consigam desenvolver suas habilidades, todas essas essenciais para conseguir prosperar em uma sociedade de mudança contínua.

Baseado nessas ideias a aprendizagem criativa trabalha no caminho de que a exploração é a o norte. O processo de ensino parte da Espiral da Aprendizagem Criativa, que consiste em 4 diferentes momentos, são eles: Imagine, Crie, Brinque, Compartilhe e Reflita, cada uma dessas fases traz um nível diferente de compreensão. Vamos explorar um pouco mais sobre essas etapas.

4 princípios da aprendizagem criativa

Para entender mais o caminho que percorre a aprendizagem criativa é preciso conhecer os 4Ps que orientam essa forma de educação.

Projetos: o primeiro p que se refere a projetos determina que trabalhar por meio deles, permite aos alunos se envolverem em diferentes áreas do conhecimento e interesse. Desta forma diferentes habilidades são desenvolvidas e novas técnicas também.

Paixão: Como nome diz é preciso trabalhar em algo que se tenha paixão, poder ter espaço em áreas de seu próprio interesse, isso incentiva as pessoas a quererem se dedicar mais aos seus projetos e no ensino não é diferente. Ter a paixão no processo de aprendizagem faz com que os alunos cada vez mais se aprimorem durante o processo, e descubram até mesmo novas paixões.

Pares: O terceiro p da aprendizagem criativa trabalha a ideia de exercer de formas variadas o trabalho em pares. Seja por meio da construção do conhecimento em si, a troca de opiniões e experiências ou compartilhando os resultados do trabalho feito e recebendo feedbacks. Todo esse movimento em conjunto resulta em mais aprendizado e também torna o projeto mais interessante.

Pensar brincando: Quer coisa mais atrativa do que poder brincar e aprender? O último p da aprendizagem criativa se refere ao ambiente de construção do conhecimento, que precisa ser envolvente, permitindo aos alunos aprenderem por meio de descobertas, explorando, errando e aprendendo.

Todo esse cenário dinâmico e lúdico permite que aprendizagem criativa foque no presente, mas acerte no futuro. É uma maneira de ensinar que permite durante toda a prática o aluno tenha a oportunidade de interagir, proporcionando vários benefícios.

Nesta forma de aprender o aluno estimula e desenvolve habilidades e competências, tem autonomia no aprendizado, uma vez que ele é o protagonista das descobertas, tem liberdade de se expressar e de pensar, desenvolvendo assim também sua criatividade, além do ambiente agradável a atraente.

Papel do educador na aprendizagem criativa

No Brasil os professores em sua grande maioria ainda estão engatinhando na aprendizagem criativa e em metodologias ativas de ensino. Isso porque as escolas ainda trabalham com métodos tradicionais de um modelo que já faz parte do passado.

Para que a aprendizagem criativa ganhe espaço o desafio é conectar diretoria, coordenação e docentes a esta metodologia. Todos precisam entender que são mediadores do autodesenvolvimento, e que os alunos são agora corresponsáveis pelo próprio processo de aprendizagem.

A aprendizagem criativa possibilita também ao professor liberdade para criar e ensinar, afinal tudo que falamos anteriormente não segue um manual de instruções e passo a passo. Os professores vão estimular seus alunos e à medida que vão desenvolvendo o aprendizado, conseguem direcionar seus esforços.

Vale lembrar que ainda que os alunos sejam protagonistas nessa forma de ensino, é o professor que transmite a segurança necessária e com quem vão passar a maior parte do tempo, portanto, cabe a figura dele encorajar, trazer meios para trabalhar os medos, desafios e barreiras.

As aulas são dinâmicas nessa metodologia, a ideia de ir com aulas preparadas pode nem sempre conseguir ir adiante, pois como o processo aqui é ativo, tudo pode mudar no caminho da aula, o que é extremamente enriquecedor não só para o aluno, mas para o professor que tem que se reinventar constantemente, mas também pode trabalhar com mais liberdade em sala de aula.

Aqui no Brasil já existe uma iniciativa incrível de apoio e incentivo a aprendizagem criativa. Um movimento chamado Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa, une além de educadores, artistas, pais, pesquisadores, empreendedores, estudantes e organizações que além de apoiar, ajudam a promover essa prática educacional.

Caso você queira se aprofundar ainda mais no conhecimento da aprendizagem criativa e no pensamento de Mitchel, uma dica de leitura é seu livro Jardim de Infância para a Vida Toda: Por uma Aprendizagem Criativa, Mão na Massa e Relevante para Todos.

A ideia ainda pode estar começando por aqui, mas o conhecimento da prática, o debate das ideias se faz necessário para que consigamos cada vez mais alcançar diferentes lugares com uma forma de educação inovadora e efetiva.

Você já usa aprendizagem criativa na sala de aula? Compartilhe sua experiência! 

Conheça as edtechs e seu potencial, entenda como esse setor vem ganhando espaço no mercado

Você já ouviu falar em startups provavelmente, mas e edtechs? O termo pode não ser tão comum aos seus ouvidos, embora, provavelmente se você trabalha com educação, já deve ter se deparado com alguma das soluções propostas por esse nicho. Nosso bate papo de hoje vai apresentar o que significa este conceito, o potencial dessa área e os benefícios que este setor pode proporcionar a educação.  

Segundo a Associação Brasileira de Startups, edtechs são startups que usam alguma forma de tecnologia como elemento facilitador de processos de aprendizagem e aprimoramento dos sistemas educacionais.

Esta mesma Associação publicou no ano passado a 3ª edição do Mapeamento de Edtechs documento relevante, que trouxe uma fotografia de como está o cenário das tecnologias educacionais brasileiras.

Os números são animadores, de acordo com este estudo, as edtechs representam hoje o maior segmento entre startups no Brasil, com 17,3%. A maioria das 566 empresas mapeadas estão na região sudeste (58,7%), desse número 37,8% das edtechs estão em São Paulo.

Além desses números positivos, é possível enxergar um futuro público também para as edtechs, já que das startups mapeadas, 12,9% declararam que já venderam/ofereceram suas soluções a órgãos públicos. Outro relatório o EdTechXGlobal mostra que as edtechs têm crescido em nível mundial, 17% ao ano.

E o porquê desse crescimento vai ao encontro de outros bate-papos que já tivemos por aqui. A maneira de ensinar vem mudando, metodologias ativas têm cada vez mais aceitação e resultados positivos em sala de aula, tecnologias são aliadas que não podemos mais deixar de contar, e as edtechs vem justamente ajudar a traduzir este mundo de produtos digitais para adaptá-los à educação da melhor maneira possível.

As edtechs de modo geral investem no desenvolvimento de plataformas online, softwares, ferramentas de gamificação, simuladores de realidade virtual, aplicativos, entre outros, e tudo isso são recursos didáticos que facilitam e aproximam o aluno no processo de aprendizagem. 

5 edtechs de sucesso

Descomplica

Surgiu em 2011 é uma edtech que tem a mecânica de um cursinho pré-vestibular online com conteúdo com foco no Enem. Funciona da seguinte forma, o aluno paga a assinatura e tem acessos a aulas pré-gravadas, ao vivo, monitoria, correção de redações, questionários e simulados. Além disso, a startup também oferece reforço universitário e pós-graduação. No ano de 2017 foi escolhida pelo ranking da revista americana Fast Company como a terceira empresa mais inovadora da América Latina, a primeira do Brasil.

Veduca

Com objetivo de democratizar a educação surgiu em 2012 a edtech Veduca. Os cursos têm valor acessível, a partir e R$29,90 e alguns conteúdos são gratuitos por meio de vídeos no YouTube.

A Veduca atua em parceria com instituições reconhecidas como, empresas e profissionais de mercado.

Quero Educação

Considerada a maior edtech do Brasil, já foi acelerada duas vezes pela Y Combinator, uma das 40 empresas Endeavor Mundo, são certificados pelo Great Place to Work e em 2018 teve o reconhecimento do Fórum Econômico Mundial como uma das 50 startups com mais impacto na América Latina.

A edtech conecta instituições de ensino e alunos por meio de ferramentas como a Quero Pago e Quero Bolsa, um marketplace que ajuda os alunos a encontrar um curso que caiba no bolso.

DreamShaper

Esta edtech criou uma plataforma online de aprendizagem baseada em projetos, que auxilia os alunos a desenvolverem competências socioemocionais e do mercado de trabalho relacionadas com a matéria que aprendem nas salas de aula.

Segundo seu site mais de 500.000 alunos e 1.200 instituições de ensino já foram beneficiadas com a ferramenta, que permite a customização de acordo com o currículo de cada instituição.

4YOU2

Já recebeu prêmios em diversos países, esta edtech brasileira trabalha com a democratização do acesso aos cursos de inglês. Entre sua metodologia há aulas de conversação presencial com professores nativos, pratica de gramática e vocabulário com seu aplicativo próprio.

Com a pandemia ao contrário de vários outros setores, as edtechs conseguiram se adaptar rapidamente as demandas das instituições de ensino aos desafios do isolamento e manutenção das aulas.

De acordo com o Mapeamento de Edtechs, 63,80% das startups deste setor mantiveram ou aumentaram seu faturamento no ano de 2020. Sem contar que 88,8% não precisaram fazer demissões durante esse período crítico e até aumentaram as contratações 40%.

Todos esses números e cases apresentados mostram o quanto as edtechs já estão presentes no dia a dia da educação e que ainda tem um futuro promissor para beneficiar cada vez mais e mais instituições de ensino promovendo inovações na educação.

Você já atuou diretamente com auxílio de alguma edtech? Compartilhe sua opinião sobre este setor nos comentários.