Alguns keyframes depois…

Muito vezes basta a explicação de um conceito elementar para que estudantes consigam conectar os pontos, fazer a fichar cair e entender como as coisas funcionam. Foi isso que aconteceu no 1º semestre de 2008 quando comecei a lecionar no curso de Tecnologia em Jogos Digitais da PUC-SP.

Bastou ensinar algumas técnicas elementares de marcação de keyframe, alinhamento em splines, deformações, efeitos de física e um conjunto de outras técnicas de animação tridimensional para os trabalhos dos alunos ganharem vida, força, forma e muito movimento. O resultado você pode ver abaixo. São animações de Danilo Hashimoto e Isabel Elias.

Quando tudo vale a pena

A todo semestre, muitos e muitos alunos passam pela vida de um professor. Acho que me lembro de todos os meus alunos e ex-alunos, mas com certeza isso um dia vai acabar e chegará o momento que não lembrarei de muitos.

Fico feliz e vejo que tudo valeu a pena quando recebo uma mensagem de um ex-aluno comentando de alguma aula, pedindo alguma dica ou simplesmente dando um “alô”.

Há pouco mais de uma semana recebi esta mensagem do Hugo Sakai, ex-aluno de Jogos Digitais da PUC-SP:

Grande Dolemes!

Estou mandando esse e-mail só pra te avisar que suas aulas estão me ajudando no trabalho! Rss. Estava desenvolvendo a arte de uma promoção onde eu pretendia usar um fundo metálico, e me veio na cabeça a aula sobre texturas, mais especificamente, a textura de aço escovado que você nos pediu, e foi bem útil!

Olha o resultado: http://www.livrariasaraiva.com.br/x-men/

Abração e valeu mais uma vez!

Quando algo assim acontece e você percebe que de alguma forma ajudou e fez a diferença na vida de alguém, você percebe que tudo vale a pena…

Hugo Sakai, muito obrigado! :]

Treinamento em consoles

Entrevista concedida a Gisele Federicce da Brasil 247. Leia a matéria completa aqui.

1 – Conforme afirmei anteriormente, o piloto Jacques Villeneuve já relatou ter praticado suas corridas em circuitos de videogame. Felipe Massa já fez o mesmo, citando que utilizou o módulo difícil em seu PS3 e que, por isso, estava seguro em relação ao circuito que correria. Desde quando você tem conhecimento de que esse tipo de treino virtual acontece?
R: A simulação está presente em treinamentos há muito tempo. É amplamente usado nas forças armadas para treinos dos mais diversos. No final da década de 1970 e começo de 1980, época em que o Apple II era o computador padrão da sociedade, já existiam versões não muito sofisticadas de simuladores de vôo. Com o crescimento da capacidade de processamento gráfico nos anos seguintes, surgiram então os videogames atuais, que utilizam tecnologias herdadas dos simuladores.

Os jogos de corrida são uma extensão destes treinamentos. Além de seus circuitos serem projetos de forma quase fiel a realidade, os atuais recursos de câmera dos jogos fazem com que os pilotos sintam-se dentro do cockpit. Usando um videogame para treinar, Villeneuve estava apenas registrando em sua memória todos os pontos do circuito. Ao pilotar de forma real na pista, os pontos já estavam registrados.

2 – Estes treinos em circuitos virtuais tem relação com a maior realidade dos games de hoje?
R: A Marinha do Brasil montou um simulador de voo na Escola Naval e adaptou o software / jogo da Microsoft, o Flight Simulator 2004 e obteve muito sucesso. O simulador foi montado em uma carcaça de helicóptero com seus controles ligados ao computador.

3 – Qual seria um console (e um game) divisor de águas em questão de jogos de corrida?
R: O jogo que foi um divisor de águas em jogos de corrida foi o Super Mônaco GP, lançado em 1989 pela Sega. A jogo reproduzia apenas uma única corrida, mas me lembro da época de uma reportagem que citou que algum piloto treinou usando este jogo. Mais informações você encontra aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Super_Monaco_GP

4 – Você acredita que o videogame tem influenciado garotos novos a seguirem com a profissão de piloto?
R: Os videogames podem influeciar de várias formas, pois não existem apenas jogos de corrida. Além do mais, está é uma profissão cara. Não tenho uma resposta clara para esta pergunta. Contudo, é possível.

5 – Já conversou com algum piloto sobre o assunto ou se deparou com alguma história na Universidade que tenha relação com o tema?
R: Infelizmente não.

Potencialidades dos games

Entrevista concedida por e-mail para Hebert Diniz Azevedo de Araujo da Revista Zero Zero, das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA).

1 – Quais as potencialidades (os prós e os contras) que as tecnologias da informação, mais precisamente os vídeo games, podem oferecer ao homem?
R: Vejo que os jogos podem ajudar no desenvolvimento de habilidades como: trabalho em equipe, raciocínio, noção espacial e senso de direção.

2 – Você acredita no potencial dos games como plataforma de aprendizagem? Por quê?
R: Os games possuem um potencial natural para o ensino e a aprendizagem, basta os professores entenderem este potencial e usá-lo em sala de aula. Um exemplo simples: imagine uma aula sobre a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente sobre o Dia D, o desembarque das tropas aliadas na Normandia.

O professor pode explicar detalhadamente este fato, pode ilustrar com imagens e cenas de filmes e terminar a aula com os alunos jogando o fase de Omaha Beach de Battlefiled 1942.

3 – Você acredita que o hábito de jogar vídeo games pode atrapalhar o processo de socialização dos jovens, no seu relacionamento com familiares e amigos? Por quê?
R: O hábito de jogar videogame não atrapalha em nada o processo de socialização e nem o relacionamento familiar dos jovens. Agora, o jogar em excesso pode atrapalhar não só o processo de socialização como também prejudicar a saúde do jogador. É aquele velho ditado: tudo em excesso faz mal.

4 – Quanto ao ambiente de trabalho, o hábito de jogar vídeo game pode provocar algum tipo de interferência na produtividade de um funcionário?
R: Não tenho informações de empresas “tradicionais” que permitam os funcionários jogarem em ambiente de trabalho, contudo, em muitas empresas de alta tecnologia, existem áreas de entretenimento com videogames. Existem também os jogos de treinamento, utilizados por muitas empresas. Fora estas situações, jogar durante o período de trabalho pode atrapalhar muito a produtividade de um funcionário.

5 – E quanto a saúde, o hábito de jogar vídeo game pode provocar algum tipo de alteração no estado de saúde de um indivíduo?
R: Existem relatos, principalmente vindos da Ásia, mais especificamente da Coréia, onde jogares passam longas horas jogando e o excesso de atividade mental, juntamente com o esgotamento físico, causa a morte do jogador. De tempos em tempos essas notícias tomam a grande mídia. Novamente, tudo o que é demais, faz mal.

6 – De maneira geral, que tipo de mudança você acredita que o advento dos vídeo games trouxe para o comportamento humano?
R: O filósofo Johan Huzinga, na década de 1930, afirmou que o jogo é inerente ao comportamento humano. O ser humano é um ser que joga. Os videogames são apenas uma extensão deste comportamento.